13/03/2017
Walmart aposta em hipermercados e quer investir R$ 1 bi no Brasil
Autor: EXAME.com

Diante
de vendas desanimadoras no quinto maior mercado consumidor do mundo, o Walmart
está fazendo uma aposta às avessas no Brasil, com investimentos pesados para
reformular suas grandes lojas de estilo americano, mesmo num momento em que os
clientes cada vez mais procuram opções menores e mais baratas, segundo o jornal
The Wall Street Journal.
O
Walmart tem planos de gastar R$ 1 bilhão (cerca de US$ 320 milhões) ao longo de
três anos para reformar seus hipermercados no Brasil, basicamente mantendo uma
estratégia que vem implementando no País há duas décadas.
As
vendas líquidas da rede no mercado brasileiro têm sido fracas nos últimos anos
em relação às de outras operações internacionais, com queda de 4,1% no período
de três meses encerrado em 31 de janeiro, ante ganhos de 8,9% no México e na
América Central e de 5,4% na China.
“Desde
que chegou ao Brasil, o Walmart tem tido dificuldade de se integrar ao
mercado”, comentou Flávio Tayra, professor da USP especializado em varejo de
produtos alimentícios. “(O Walmart) ocupa um espaço modesto aqui, em vista do
potencial que possui”.
Como
nos EUA, as grandes lojas do Walmart no Brasil vendem de tudo, de bananas a
pneus para automóveis. Esse formato era popular entre os brasileiros no período
de hiperinflação dos anos 1980 e do início de década de 1990, quando os preços
subiam em ritmo estratosférico.
Assim
que recebiam salários, os clientes corriam aos hipermercados para garantir seus
estoques de mantimentos antes que os preços avançassem mais.
Hoje,
porém, essa forma de fazer compras perdeu o apelo. O trânsito enlouquecedor das
cidades em expansão torna mais difícil chegar aos supermercados. Com isso,
pequenas lojas de bairro atraem um número crescente de brasileiros.
Além
disso, um formato mais recente, conhecido como “atacarejo”, ganha cada vez mais
popularidade. Lojas com aparência de armazéns voltadas originalmente para
pequenas empresas, muitas das quais pertencem ao francês Carrefour e ao Grupo
Pão de Açúcar – controlado pelo também francês Casino – vêm atraindo famílias
que buscam mantimentos em grande volume e a preços menores. Desde 2015, quando
o Brasil afundou na pior recessão de sua história, o atacarejo vem ganhando
espaço.
Indo
contra a tendência, o Walmart redobrou o foco em hipermercados, investindo em
duas redes regionais – Hiper Bompreço e BIG – que foram adquiridas na primeira
década do século 21. As lojas de ambas passarão a adotar o nome Walmart e serão
reformuladas.
Para
alguns analistas, a estratégia do Walmart é equivocada. “Focar num formato que
está claramente perdendo participação de mercado e já não é mais muito atraente
para os brasileiros não parece ser apropriado,” avaliou Bruna Pezzin, analista
da corretora XP Investimentos.
O
Walmart não revela seu desempenho financeiro no Brasil e se recusa a dizer se
lucra no País. Executivos da rede americana reconhecem, porém, que o Brasil tem
sido um constante ponto fraco em sua rede mundial, que é formada por cerca de
11.700 lojas. A subsidiária brasileira já trocou de executivo-chefe quatro
vezes desde 2008. E no começo do ano passado, o Walmart anunciou o fechamento
de 60 lojas no Brasil.