12/04/2017
Recessão faz Brasil cair no ranking de países importadores
Autor: O GLOBO

A
recessão que afetou a economia brasileira no ano passado fez com que o Brasil
caísse da 25ª posição em 2015 e para o 28º lugar no ranking de países
importadores, com 0,9% das importações globais, segundo relatório divulgado
nesta quarta-feira pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Como país
exportador, o Brasil seguiu na 25ª posição, com participação de 1,2% das
vendas.
Ainda
segundo a OMC, a queda de 9% das importações realizadas pela América do Sul foi
puxada pelo enfraquecimento das compras do Brasil, que tiveram uma redução de
13%. As exportações brasileiras seguiram crescendo em volume, com aumento de 8%
em 2015 e 4% em 2016. Porém, as vendas aos exterior dos demais países
sulamericanos caíram 1,5% em 2016 e se mantiveram estáveis em 2015.
Para
2017, a OMC projeta um crescimento médio de 1,4% do volume das exportações na
América do Sul, podendo variar entre 1,3% e 1,6%. Já as importações devem se
manter no mesmo patamar do ano passado (crescimento estimado de 0,1%, e banda
de -0,6% a +1.0%). Em 2018 as exportações da região devem crescer 2,2% e 2,6%,
e a projeção é de que as importações aumentem entre 1,0% e 3,0%.
Conforme
a OMC, o comércio mundial cresceu apenas 1,3%, devido, em parte a fatores
cíclicos, como a desaceleração da atividade econômica, mas refletiu também
mudanças estruturais mais profundas na relação entre comércio e produção
econômica. No ano passado, a demanda global foi afetada pela queda nos gastos
com investimentos nos Estados Unidos e pela redução da demanda por importações
na China no primeiro trimestre do ano.Outros fatores, incluindo a estagnação
das importações dos países em desenvolvimento (0,2%), também tiveram impacto no
resultado.
"A
Ásia e a Europa foram as únicas regiões que tiveram contribuição significativa
para o crescimento das importações globais em 2016, com a Europa contribuindo
com 1,6 ponto percentual (39% do aumento total) e a Ásia somando 1,9 ponto
percentual (49% do total)", diz um trecho do comunicado da OMC.
APESAR
DAS INCERTEZAS, COMÉRCIO MUNDIAL DEVE CRESCER
O
comércio internacional vai se recuperar nos anos de 2017 e 2018, na avaliação
dos técnicos da OMC, mesmo com um cenário de incertezas políticas em boa parte
do planeta. Para este ano, a estimativa da OMC é de um crescimento, em volume,
de até 3,6%, ante uma fraca expansão de 1,3% em 2016. Para 2018, a alta
projetada deve ficar entre 2,1% e 4%.
"A
desaceleração das economias emergentes contribuiu para o ritmo lento de
crescimento do comércio internacional em 2016, mas a expectativa é que esses
países retomem um crescimento modesto em 2017".
Apesar
do otimismo em relação a 2017, os técnicos da OMC admitem que ainda é elevado o
grau de incertezas no mundo, não só no campo político. Sem citar nomes, como o
do assumidamente protecionista presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele
destacam que a recuperação do comércio podem ser afetadas por medidas dos
governos nas áreas econômica e comercial.
"O
principal fator de risco para essas estimativas são incertezas políticas,
incluindo a imposição de barreiras ao comércio e a adoção de políticas
monetárias restritivas", enfatiza a OMC.
Segundo
a OMC, o rumo pouco previsível da economia global a curto prazo, assim como a
falta de clareza sobre a ação dos governos nas áreas monetária, fiscal e
comercial, aumentam o risco de que o comércio seja afetado negativamente em
2017. Taxas de juro mais elevadas para o combate à inflação em alguns países,
políticas fiscais mais restritivas e a adoção de medidas que limitam o comércio
têm a capacidade de minar o crescimento do comércio nos próximos dois anos,
alertam os técnicos.
"As
previsões mais promissoras da OMC para 2017 e 2018 são baseadas em certos
pressupostos e há um risco considerável de que a expansão fique aquém dessas
estimativas. Alcançar estas taxas de crescimento depende em grande medida da
expansão do PIB global, em linha com as previsões de 2,7% para este ano e de
2,8% para o próximo ano", diz o informe do organismo. "Esta
estimativa do PIB pressupõe que as economias desenvolvidas mantenham políticas
monetárias e fiscais relativamente expansionistas e que os países em desenvolvimento
continuem a se recuperar da desaceleração recente".